14 fevereiro 2007

O Preço da Ilusão – Parte 3

Uma paixão cega pela arte de representar

Para a realização de "O Preço da Ilusão" a equipe do Grupo Sul necessitava amparar-se em pessoas com algumas experiências na área cinematográfica. Pensando nisto, trouxeram Nilton Nascimento e E. M. Santos, ambos com larga atuação na área cine-clubista e de produção de curtas. Paralelamente, procurava-se um ator que também pudesse colaborar, com sua experiência, na condução do restante do elenco.
Decidiu-se optar pelo nome de Celso Borges, um lageano que se projetara nacionalmente e vivia no Rio de Janeiro, fazendo cinema e teatro. Ele acabara de atuar em "Rio 40 Graus", de Nelson Pereira dos Santos, em "Agulha no Palheiro", de Alex Vianny, e em "Vestido de Noiva", peça de teatro de Nelson Rodrigues, de grande sucesso na época.
Celso Borges veio para Florianópolis para fazer o papel de Dr. Castro, um coronel que patrocinaria a candidatura de Maria da Graça (personagem do filme) no concurso "Rainha de Verão".
"Eu era o único ator que já tinha tido alguma experiência anterior", diz Celso Borges, "e achei 'O Preço da Ilusão' uma boa história para ser filmada. Acho, inclusive, que o filme poderia ter feito um grande sucesso na época, se tivesse dado certo".
Celso Borges lembra um fato, normalmente omitido pelos historiadores de cinema: "O Preço da Ilusão" surgiu na época em que estavam sendo produzidos os primeiros filmes do Cinema Novo e, embora não tivesse dado certo, foi incluído na história desse movimento. Era um filme de idéias avançadas, renovadoras, exatamente dentro do que se pretendia com a proposta cine-novista.

CARREIRA

Hoje, Celso Borges mora em Bom Jardim da Serra, no alto da Serra do Rio do Rastro, onde forçosamente teve que morar depois de concluído "O Preço da Ilusão". Dedica-se a atividades comerciais, mantendo, à beira da estrada, um pequeno armazém. "Tive que abandonar a carreira de ator porque minha mãe estava muito doente e precisa de mim. Fui ficando, ficando, e fiquei.
Apesar de isolado no interior de Santa Catarina, Celso diz que pretende prosseguir sua carreira, "tendo em vista inclusive os convites que tenho recebido para voltar à atividade". Ele tem planos, também, de realizar seu próprio filme: "Uma história que eu mesmo escrevi, enfocando um tema regional, ligado aos campos de Lages. Apesar de não te recursos, estou interessado em levar a idéia adiante, procurando contatos com possíveis produtores".

[Terceira retranca da matéria publicada no Jornal de Semana, edição número 67, 10 a 17 de maio de 1980].

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